do velho se faz novo

repro

Ao ver o post de hoje da Rita, e depois de passar na loja em causa e ver com os meus próprios olhos, não resisti a fazer uma contribução para um blog que sigo com atenção, o You thought we wouldn’t notice. O tema dá literalmente pano para mangas. Por um lado porque o plágio descarado parece ser uma constante na indústria têxtil (eu própria já o senti na pele) e, por outro, no campo do desenho de tecidos. Nos EUA (e também no Japão) há uma vigorosa indústria de produção de tecidos estampados, em grande parte estimulada pelo patchwork, que por lá tem honras de hobby nacional. Felizmente para pessoas como eu, muitos dos tecidos editados anualmente são reproduções de outros, antigos, entretanto caídos no domínio público. Algumas marcas fazem-no assumidamente, mas a maioria limita-se a re-editar assinando por baixo como seu, o que com a crescente quantidade de totós dos tecidos ligados à  internet facilmente dá mau resultado. Foi o que aconteceu à  designer Amy Butler, a quem no ano passado este episódio (o seu tecido é este) afectou a credibilidade ao ponto de a ter feito emitir uma espécie de comunicado muito pouco satisfatório. Os tecidos não deixam de ser bonitos, mas agora fica-se a pensar se algum será efectivamente original (e, como eu, há muito quem não vá na cantiga de que a originalidade não existe).

Nas fotos, dois entre muitos exemplos possíveis: Em cima, um tecido americano actual e o original reproduzido no magnífico livro Vintage Fabric from the States. Em baixo, um tecido americano actual (verde) e um retalho antigo (anos 30?).


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Comments

5 responses to “do velho se faz novo”

  1. miriam Avatar

    … e o velhinho tema! =))

    e ainda bem, rosa, que escreves sobre ele para ver se pelo menos as pessoas que te leêm não se esquecem.

    existe, existe… eu estou contigo! ;)

  2. hortensia rosa Avatar

    Pois é, e eu que andava tão alheia a este assunto,muito obrigada Rosa por estares tão atenta e por dares a conhecer as tuas óptimas pesquisas.

    Realmente a copiar qualquer um é artista…

  3. alice Avatar

    Honestamente, não acredito muito na originalidade da maior parte das estampagens.

    Também li o post da Rita, e tentei deixar o comentário, dando o exemplo destes dois tecidos:

    http://www.flickr.com/photo_zoom.gne?id=864174176&size=o

    http://www.flickr.com/photo_zoom.gne?id=867106710&size=o

    O primeiro é de uma grande marca francesa que produz tecidos de decoração. O segundo é do Alexander Henry. Não sei qual dos dois chegou primeiro, mas, para mim, estes dois são apenas fruto de uma tendência.

    No caso das calças de pijama que a rita tem, também consigo encontrar bem mais que um designer que venda tecidos com motivos semelhantes. Se toda a gente faz igual, quem copia?

    É tão ténue, a fronteira…

  4. Rosa Pomar Avatar
    Rosa Pomar

    Alice, por acaso desta vez não concordo nada contigo. Os dois tecidos que referes têm em comum apenas o facto de usarem silhuetas de crianças, que são um motivo muito comum (tal como as cornucópias, riscas, pintas, etc.), e noutros suportes também. No caso do pijama da ws, as figuras são mesmo decalcadas do tecido japonês (repara nos meninos, no gato, no ouriço). A fronteira em alguns casos pode ser ténue, mas não aqui.

  5. vera João Avatar

    Os criadores de tecidos deveriam explicar a origem e história dos tecidos mais antigos que reproduzem e a adaptam para novas cores, só ganhavam com isso. Mesmo que os padrões mais antigos entrassem no circuito do domínio público e qualquer um os pudesse utilizar.

    Vêmos isso em todo o lado, e não é só nos tecidos da Women’s Secret… quantas lojas não têm os mesmos padrões em vinis ou papéis de parede baseados (?) em padrões antigos que viamos em casa dos nossos pais e avós? Quem redesenha esses padrões deve explicar que é baseado numa reprodução de tal tecido e de tal época. Assim ninguém se sentia tão enganado, chegamos a um ponto que torna-se dificil ser original porque tantas situações já foram criadas no passado e assumir a origem é o melhor.

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