Não sei se é por o tema ser o meu preferido, mas achei a exposição do IEFP deste ano na FIA – Fios, Formas e Memórias dos Bordados , Rendas e Tecidos – particularmente bem conseguida. A secção das mantas tecidas, por si, já vale o passeio. As alentejanas (da Cooperativa Oficina de Tecelagem de Mértola e da Fábrica Alentejana de LanifÃcios de Mizette Nielsen) e trasmontanas (de Sendim, feitas em surrobeco recortado e aplicado sobre surrões – sacos antigos de lã e algodão usados para guardar os cereais -), estão expostas lado a lado e formam um conjunto impressionante. Ainda lá volto esta semana.
Monthly Archives: June 2009
lá
a boca do saco
Este saco antigo que a Rita fotografou em Coimbra ficou-me na ideia de tal maneira que acabei por fazer um inspirado nele. Claro que os tecidos contemporâneos, por bonitos que sejam, nunca se comparam aos antigos. Nem nas cores nem nos pormenores do desenho (impossÃvel igualar o detalhe do buril). Ainda assim aproveitei para aprender mais uma coisa a olhar para a minha colecção crescente de sacos portugueses (ou taleigos ou foles ou …): já sei fazer a boca do saco como ela é feita nos sacos antigos, que é mais delicada e funcional do que com o sistema que tinha usado até agora.
gato e rato
A gata fez desaparecer para um esconderijo secreto os ratinhos de brincar e a E. decidiu fazer-lhe um novo. Puxei d’O meu Primeiro Livro de Costura, que sei de trás para a frente por o ter folheado tantas vezes em pequena, e deitámos mãos à obra. Normalmente maça-se ao fim de uns minutos de agulha na mão (e eu nunca insisto para que continue) mas hoje não perdeu o interesse. Ficou pronto num instante e foi o brinquedo da tarde.
leve
Demorou duas horas a fazer, entre copiar o molde (este, do mesmo livro da anterior) e pôr a secar para a poder vestir à tarde. Este tipo de tecido, ideal para dias quentes, é japonês e chama-se double gauze. Como o nome indica, é composto por duas camadas de uma espécie de gaze, o que o torna muito leve e macio (outro exemplo). O padrão é da Heather Ross e ou muito me engano ou foi directamente inspirado nas lindÃssimas tapeçarias medievais chamadas La Dame à la licorne. Se conseguir convencer-me de que não preciso absolutamente de ficar com os rolos inteiros para mim, ponho-o juntamente com os outros amanhã na Retrosaria.
(animal) de companhia
Volto a escrever sobre a gata, antes de mais para agradecer todos os comentários ao post anterior. A Twitter tem sido alimentada a ração seca, o que não significa que eu ache ser essa a melhor opção. Pode haver veterinários e empresas a dizer o contrário, mas a comida de pacote (feita nem se sabe bem com que o quê) não é certamente a opção mais saudável (ou andarÃamos a almoçar e jantar o equivalente para humanos). O corredor do supermercado dedicado aos animais de companhia só é comparável ao dos alimentos para bebés. O objectivo é o mesmo: convencer com embalagens óptimas, imagens idÃlicas e discursos para-cientÃficos não quem vai consumir os produtos mas quem os compra. Explorar o dado adquirido de que todos queremos o melhor para o nosso bebé / gato / cão (riscar o que não interessa) e impingir com enorme sucesso que um alimento em pacote (seja Nan, Blédina ou Whiskas) é superior à comida natural. O facto de ao gato ser indiferente a variedade de feitios e cores dos croquetes e de o bebé poder passar do peito da mãe para a sopa feita em casa esquecem-se pelo caminho.
Posto isto (e pedindo desculpas pelas comparações entre filhos e animais de estimação que por norma detesto), porque é que em vez de lhe dar carne e peixe e ervas frescas tenho dado comida de pacote à Twitter? Por várias razões: a primeira é que a carne e o peixe não são alimentos correntes cá em casa, o que complica a ideia de os dar quotidianamente ao bichano. Depois, e após consultar vários sites sobre o tema, porque não é de facto fácil reproduzir em casa aquela que seria a alimentação natural de um gato. A seguir entram as razões de ordem eminentemente prática: a ração seca não se estraga ao fim de umas horas e é mais limpa (e, felizmente, a Twitter bebe água regularmente).
A esterilização também não está em causa (vai ser feita assim que possÃvel), o que a meu ver e somado à comida de pacote faz da nossa querida gata de interior a quem não faltam mimos, brincadeira e cuidados, menos um bicho e mais uma coisa indefinida, moldada à nossa comodidade. E é isso que não me deixa de consciência completamente tranquila.
PS: o livro nas imagens é a tradução portuguesa deste e a cama da Twitter é o modelo normal português em verga que se vende aqui perto numa lojinha à qual tenho de dedicar em breve um post.
desta tarde no museu
Ver sair literalmente à rua quem trabalha e ensina nas nossas universidades faz-me ter saudades de uma escola que podia e devia ser a nossa, em que os oradores falam com entusiasmo do que efectivamente sabem (sem a leitura monocórdica de comunicações tão frequente nos congressos), em que o conhecimento fruto do trabalho de investigação é chamado a transformar o mundo cá fora (em vez de se perder nas habituais e estéreis rivalidades académicas) e onde não há lugar para bocejos. Vim de Belém satisfeita.
serão
No Sábado é o nosso colóquio em defesa do Museu de Arte Popular. Podia ir ali para o sofá coser um bocadinho, mas a verdade é que me apetece mais estudar. Leitura para o serão: Camponeses estetas no Estado Novo: Arte Popular e Nação na PolÃtica Folclorista do Secretariado da Propaganda Nacional, de Vera Marques Alves.
piu piu
Um novo galão, bastante influenciado para o tipo de imagens que tenho andado a ver ultimamente. Está na Retrosaria, junto com muitas outras novidades.
aprender com quem sabe
No próximo Sábado (dia 20 à s 16h) vamos ter um colóquio ao ar livre e de entrada também livre junto ao Museu de Arte Popular. Será uma excelente oportunidade de ouvir antropólogos, historiadores, crÃticos de arte e outros especialistas explicarem por que razões é tão importante salvar o MAP. Estão todos convidados.