a vida da lã

meia hora de vida

Fomos ver as ovelhas e cabras do Toino Canhoto ao pôr do Sol, mesmo a tempo de ver dois cordeirinhos pretos acabados de nascer, macios e dóceis, ainda a serem limpos pela mãe. É do leite destas ovelhas, da raça bordaleira da Serra da Estrela, que as mulheres da família do pastor fazem queijos premiados, e são esses queijos a razão da sobrevivência do rebanho. A produção da lã já não compensa, disseram-nos, porque o preço a que é paga mal chega para cobrir as despesas da tosquia. Isto ao mesmo tempo que nas fiações falta a lã portuguesa e se manda vir de fora (é espanhol o burel das capas de Trás-os-Montes). As ovelhas do Toino Canhoto são de três cores: brancas, pretas (estas duas dão a lã das meadas da lã poveira) e sarrubecas (pronunciar com os ss e rr locais), cor de café com leite, a cuja lã havemos de seguir em breve o rasto.

Amanhã o dia na loja é da lã: de manhã ensino seis mulheres a fazer tricot e à  tarde aprendo com outras tantas a fiar.

das ovelhas

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Comments

9 responses to “a vida da lã”

  1. sara Avatar

    É precioso este teu percurso Rosa. Cada vez mais perto das verdadeiras tradições do nosso país. Tenho a certeza que dentro de muito pouco tempo levarás este projecto a bom porto… ;)

  2. claudia ribau Avatar

    É um privilégio acompanhar o renascer de tantas tradições, chega a ser emocionante!
    Parabéns.
    cláudia

  3. Deva Avatar

    Que bonito post Rosa!

  4. Chris da Chria Avatar

    Oi Rosa!
    Adorei o relato – você é simples nas palavras e comovente…
    Estar aqui é sempre muito bom!
    bjo,bjo
    Chris da Chria

  5. Isabel Avatar

    Parabéns e bem-haja Rosa, pelo empenho em manter estas tradições e actividades. O meu pai é de uma aldeia do Parque da Serra da Estrela, temos pastos arrendados a um pastor e acompanho desde pequena a tosquia e o fazer do queijo e também, infelizmente, o dimuir do tamanho dos rebanhos e do seu número. É uma vida dura, que tem que ser devidamente apoiada, porque se não ninguém a quer e todos perdem.

  6. célia jordão alves Avatar

    Olá. Há uns tempos que não tinha oportunidade de passar aqui.
    Vim deixar duas dicas:
    -Museu dos lanifícios na Guarda (se calhar já conheces). Fui lá com os meus alunos e vale bem a pena, sobretudo se a visita for guiada como a nossa.
    -Foto de padrões africanos (http://www.moiani.com/2010/02/26/macaneta/) tirada por este meu amigo: http://caixa-dos-pirolitos.blogspot.com/2010/02/o-blog-do-joca.html
    Obrigada pelo teu blog que tem sempre surpresas tão bonitas.
    beijinhos

  7. […] do Carnaval foi visitar uma fiação. É a esta fábrica que chega anualmente a lã de vários pequenos rebanhos e é de lá que vem a lã poveira da Retrosaria. Vimo-la nos fardos prensados e sujos em que entra […]

  8. […] dos lanifícios em Portugal, sobre os processos de fiação e a própria estrutura da lã, passeios, visitas e momentos de pura contemplação. Um enorme caminho a percorrer e uma pequena grande […]

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