Na Gralheira o chão estava coberto de líquenes. Colhemos um saco deles, mesmo sem saber se seriam os mais indicados para tingir. À noite secaram junto à lareira e no dia seguinte, já em Lisboa, pu-los num tacho com água e deixei ferver uns minutos. Pareceu-me que a água não mudava de cor e achei que a experiência não ia resultar, mas juntei-lhes uma meada de Beiroa e deixei cozer em lume muito brando durante cerca de uma hora. Passado este tempo a lã tinha ganho uma cor dourada muito bonita. Não foi preciso juntar vinagre nem nenhum dos mordentes que muitos pigmentos naturais exigem para se fixar à lã.
É mais um tema que apetece estudar e experimentar. Algumas pistas de leitura:
Pigmentos e corantes naturais entre as artes e as ciências: resumos de um colóquio decorrido em Évora em 2005.
Plantas tintureiras: um artigo de Maria do Carmo Serrano, Ana Carreira Lopes e Ana Isabel Seruya.
A História e Técnica dos Tapetes de Arraiolos: tese de mestrado de Rita Carvalho Teixeira de Oliveira Marques que vou ler de fio a pavio.
Dyeing with Lichens & Mushrooms: do blog sobre cogumelos da Universidade de Cornell.
Rosa, e para quando podermos comprar na Retrosaria algumas destas experiências tintureiras com a Beiroa???
I LOVE this, you are such an amazing source of inspiration!
Não me perguntas porquê mas peguei como primeira leitura a Revista de Ciências Agrárias. Fascinante! Apetece pegar em tudo o que há em redor, o que a natureza tem para nos oferecer (e não é pouca!) e tingir e tricotar algo de único!
Ficou muito bonita! Sempre pensei que o amarelo fosse feito com açafrão ou algo assim, liquenes! quem diria!
Os tapetes de Arraiolos que mostram nessa tese de mestrado são deslumbrantes! O azul grande então… omg!
Tenho saudades de fazer um tapete assim, mas o último levou-me uns 4 ou 5 anos.
( http://quartodeideias.blogspot.com/2008/01/gosto-de-coisas-complicadas.html )
Grata pelos links. Informação preciosa no mundo ambiental. A ver se a sociedade deixa de usar tintas químicas e tão prejudiciais ás linhas de água…
Olá Rosa!
Bom dia.
Queria só dizer-te que é sempre refrescante ler o teu blog.
Obrigada por partilhares tanta informação e “saberes”.
s.
A única coloração que conheço é mesmo a da casca de cebola… Sei que existem muitas colorações naturais como bem mostras… E fico feliz por partilhares estas sabedorias =)
Beijinhos ;P
Ó que giro, não sabia que se podiam tingir lãs com liquenes!
Despois de ler este post, lembrei-me de um blog que também sigo, http://naturallydyeing.blogspot.com/, em que a autora partilha as suas experiências a tingir lãs naturalmente, com resultados fantásticos!
Espero que ajude!
Rosa, obrigada pelas pistas de leitura, são recursos preciosos para quem se interessa por este tema, e pela tradição tintureira no nosso país, em particular. Acho notável que não tenha sido necessário o uso de mordente, tendo em conta a beleza e profundidade da cor. Deixo um livro da India Flint que é para mim uma referência – “Eco Colour – botanical dyes for beautiful textiles”:
http://www.amazon.co.uk/Eco-Colour-Botanical-Beautiful-Textiles/dp/1741960797
Bons tintos :D
Ola Rosa,
Ja ha muito tempo que sigo o seu blog, mas este post despertou-me especial atencao. Estudei conservacao e restauro de texteis e tenho vindo a especializar-me em tingimento com corantes naturais.. No entanto, nunca tive a oportunidade de tingir com liquenes – adoro a cor obtida! (e tenho andado com vontade de experimentar tingimento com a beiroa e tenho feito publicidade por ca
http://textileartscenter.wordpress.com/2011/01/13/made-in-portugal-with-love/)
Queria deixar algumas referencias que acho q sao muito boas no mundo dos corantes naturais:
Dominique Cardon, Natural Dyes
O projecto Permacouture Institute, em SF
http://www.permacouture.org (e a Sasha Duerr acabou de editar um livro maravilhoso sobre corantes naturais)
Obrigada por ajudar a divulgar a enorme heranca textil que temos no nosso pais!
Isa
Ficou linda a cor!… Dá vontade de tocar na lã.
Parabéns!
Não fazia ideia!!! A natureza dá-nos realmente tudo o que precisamos!!!
É com imenso interesse que sigo o seu site. Todos os trabalhos têm um valor extraordinário e os registos que vai apresentando são sempre uma surpresa feliz :) Quanto à tinturaria natural, posso dizer-lhe que a casca de cebola tb dá uma cor espetacular !
Sabes Rosa, que na lengua da minha terra, o Euskera do Pais Vasco, a palavra beroa tem o significado de quente ??? é engrassado nao é?
Fica muito bonita tintada assim.
Parabens!.
Rosa,
Gostei muito da cor com que ficou a lã.A minha mãe costumava tingir coisas com chá e cascas de cebola, mas só com tecidos de algodão.
Já agora aproveito para deixar o link de um blog que tem mostrado as experiências feitas com diversas plantas e as cores obtidas, ela já tem uma paleta de cores muito bonitas, mas creio que ela só tinge sedas e algodão. Vale a pena a visita: naturallydyeing.blogspot.com
Lindo! Estou fascinada com estas possibilidades todas e muito grata pelos documentos que partilha.
Já sabia que era possível fazer uma série de cores de forma muito mais ecológica e próxima da terra… agora vou começar a pesquisar a sério.
E virei espreitar com frequência, seguramente!
fomos a Lazarim para assitir ao entrudo e pelo caminho vi árvores cobertas de líquenes. é claro que me lembrei de imediato deste post e apanhamos uma pequena quantidade para exprimentar!
Não conhecia essa forma de tingimento, deve ser pq no brasil não é comum esse tipo de líquenes… muito interessante
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