Monthly Archives: October 2013
meada corada
Há muito tempo que não brincava à tinturaria, apesar de ter descoberto recentemente duas plantas que crescem por perto que não perdem pela demora: uma é o ligustre (Ligustrum lucidum) do jardim dos meus pais e outra é a Phytolacca americana que espreita por detrás de um tapume vizinho. O que fiz desta vez foi muito mais simples do que as experiências com corantes naturais – tingi uma meada de lã com corante alimentar (daqueles que se usam em bolos e outras coisas de comer), vinagre, um tupperware e um micro-ondas (assim mas sem as seringas). As cores são tão luminosas e ficam tanto tempo entranhadas na pele (esqueci-me de usar luvas) que nunca ousaria usá-las em comida nenhuma. Aliás as letras pequeninas no rótulo dizem que o conteúdo pode causar efeitos negativos na actividade e atenção das crianças (!). Use at your own discretion.
sapatos de campino
Há muito tempo que os namorava e este ano encomendei finalmente uns sapatos de campino (ou de forcado, como também se chamam). Gostava de saber a história deste modelo com franjas e cordões amarelos. Faz pensar em sapatos de golfe antigos ou mesmo em moccassins. Este meu par foi feito à medida por um senhor de Almeirim que está sempre na FIA e na Ovibeja (a empresa chama-se Calçado Tradicional O Alazão). São os meus sapatos preferidos.
compostor
Vive connosco e come praticamente tudo o que dantes se deitava fora na cozinha, alternado com as folhas secas do quintal. Não tendo como albergar umas galinhas, que era o que me apetecia, fazer terra fértil em vez de lixo também é alguma coisa.
O compostor foi fabricado em Portugal e veio daqui.
these boots were made for walking
Não há outras como elas. Para mim nem as lindas Green Boots lhes fazem sombra. Andam comigo por toda a parte, seja para subir a serra ou descer o chiado. Levam sebo de vez em quando e capas novas nos tacões quando as velhas se gastam (coisa que acontece a quem usa os pés como principal meio de transporte). O par anterior foi jubilado quando abriu um buraco na sola, mas este está no médico à espera de umas meias-solas novas.
★
elas
kilt
Quando alguém que raramente compra roupa tem uma saia nova é caso para fazer a festa e deitar os foguetes. É um Madras Kilt do projecto IOU, mais precisamente este Madras Kilt. Com botas alentejanas e o último Wiksten tank top a acompanhar, leva-me para dentro destas fotografias que adoro. Numa altura em que a palavra handmade virou carimbo para vender a torto e a direito o que quer que seja, gosto da minha saia com bilhete de identidade.
das beiras
…por onde andei na semana passada, a ver e a aprender. Fiquei a conhecer de perto mais duas raças autóctones de ovelhas, a Churra do Campo (fotos de cima) e a Merino da Beira Baixa (fotos de baixo). A ovelha Churra do Campo está à beira da extinção. É um bicho pequeno, de lã churra muito longa (estava deste tamanho em Setembro, imagine-se quando chegar à época da tosquia) e, como se diz nos livros, de elevada rusticidade (o que basicamente quer dizer que é muito bem adaptada e resistente ao meio porque ninguém tentou transformá-la noutra coisa ou fazê-la crescer para dar mais leite ou mais carne). Estas ovelhas estão bem no calor abrasador do Verão e na neve também. Tanto quanto sei era do seu leite que deviam ser feitos os queijos tradicionais da Beira Baixa, aqueles que agora levam um DOP à frente do nome. O problema é que para fazer queijo DOP na Beira Baixa basta fazê-lo na região certa. Importam-se ovelhas de raças israelitas ou francesas (raças que foram apuradas até se transformarem em máquinas leiteiras), criam-se na região certa e, como que por magia, do seu leite faz-se queijo regional, com direito a dizer DOP no rótulo e tudo. Não percebo como é que é possÃvel ter-se aprovado legislação desta, mas os resultados estão à vista.