Dia 1. Depois de passar dois anos e meio a preparar-me para ele, eu que nunca me senti bem em dia um de coisa nenhuma e que detestei todos os primeiros dias de todas as escolas de que me lembro, não podia estar mais satisfeita e confiante com o primeiro dia da E. no infantário.
Pelo caminho disse-me várias vezes mãe tu não vais embora e eu não soube bem o que lhe responder. Chegados lá gostei mais da escola, da sala, dos brinquedos e (alÃvio dos alÃvios) da educadora também. Gostei de ver as toalhas azuis penduradas em filinha por baixo de uma etiqueta com o nome de cada menino, alinhadas com as escovas de dentes e os copos, e gostei das caminhas acabadas de comprar para eles dormirem a sesta.
Primeiro os pais ficaram também e depois foram-se indo embora. A ideia era deixá-la lá o resto da manhã e ir buscá-la antes do almoço. Enquanto estivemos na sala quis vir sempre brincar para junto de nós ou pelo menos ver-nos pelo canto do olho mas, quando desceram para o jardim, disse-nos até já, deu-nos um beijinho e foi. E nós fomos tomar um café os dois (prefiro não contar os meses desde a última vez que o tÃnhamos feito) e contar o tempo que faltava.
Na volta encontrámo-la sorridente e faladora, de novo na sala:
– Vamos embora, E.?
– Agora não posso: estou aqui a brincar um bocadinho.
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