Eu não ia mesmo escrever sobre o assunto, mas ter acordado hoje a pensar nisso fez-me achar que era melhor. Diria que aquele Aqui e Agora foi o pior programa de pseudo-informação da história do canal se tivesse visto outros, mas a verdade é que raramente ligo a SIC (e a televisão em geral) que não seja umas horas mais tarde, para ver uma série ou um filme. Aliás se visse mais televisão provavelmente teria dito logo que não à jornalista Amélia Moura Ramos quando ela me contactou. Em vez disso cedi duas horas de uma manhã de trabalho que teriam sido bem mais proveitosas a fazer outra coisa qualquer (nada, por exemplo) para lhe dar a minha opinião sobre o assunto que a levou a escrever-me (Sou jornalista da sic e estou a fazer uma reportagem sobre a vida privada na net. Li a sua opinião sobre os babybloggers e achei que seria interessante falar consigo.). Infelizmente, só quando vi a peça é que percebi que a intenção da jornalista nunca fora a de vir registar a minha opinião, mas antes a de recolher material para ilustrar o ponto de vista fundado na absoluta ignorância que serviu de premissa a todo o programa. A esta falta de sinceridade soma-se a falta de informação da Amélia Moura Ramos relativamente ao assunto: fui eu que lhe dei a conhecer os únicos outros sites que mencionou na peça e ela própria assumiu espontaneamente em conversa não ter nenhum à -vontade com as novas tecnologias (o que a meu ver é bastante desaconselhável a um profissional dos media) e o receio que tinha enquanto mãe de não poder acompanhar a filha nestes domínios.
Ora tudo isto seria apenas ridículo se não houvesse ainda muitos portugueses info-excluídos, que vêem televisão mas não sabem o que é um browser. Todos esses, que são pais e avós de muita gente, terão ficado ainda mais receosos e desconfiados mas nem um bocadinho mais capazes de proteger os filhos e netos dos tais perigos que lhes foi dito estarem do lado de lá de todos os monitores. Muito menos de os compreender.
Falta-me só dizer que também é por isso que deixei gradualmente de ver televisão: prefiro procurar e ler pessoas que escrevem, muitas vezes de graça, sobre aquilo de que sabem e gostam do que ver um grupo fixo de comentadores e jornalistas pagos para dizer generalidades (e enormidades) sobre qualquer assunto que lhes seja apresentado.
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