No Nisartes, como em geral acontece nestas coisas, as peças que me apeteceu mais trazer não estavam à venda: o resto de uma coberta de chita com mais de cem anos a tapar a mesa de um dos stands, o lenço de lã agrafado à parede de um restaurante e a alentejana esculpida pelo Sr. António da Graça Polido. Mas trouxe um taleigo (lá chamado bolsa) de retalhos invulgarmente bem feito por uma senhora de Valongo (Avis) e um apito com voz de pato feito por um senhor da Aboboreira que ainda fez para a E. uma série de truques com umas cordas e madeiras. Na cidade, encontrei uma manta de trapo (feita mesmo com roupa velha cortada em tirinhas) e fiquei a saber que grande parte das oficinas de tecelagem da região têm estado a fechar porque os donos são velhos e não têm aprendizes interessados. Nem sequer consegui perceber como seriam as colchas de Belver referidas por exemplo aqui. Os bonecos de pano da Margem, referidos pelos mesmos sites, são as habituais cópias de revistas de lavores, sem o mínimo interesse. Um dos pontos altos do passeio foi ir a casa de uma senhora que faz meias para os ranchos e grupos de forcados, mas isso é material para outro post.
<<
>>
nisartes
by
Tags:
Comments
8 responses to “nisartes”
-
Adoro ficar sabendo estas coisas que vc conta de Portugal… é muito interessante… me sinto a viajar no tempo de antepassados, afinal não foram os portugueses que nos decobriram?
Que pena senti ao saber que não tem por aí quem queira aprender as artes tradicionais, por aqui muitas vezes acontece o inverso não tem quem ensine!
Paradoxos do planeta Terra!
-
O padrão dessa chita é muito tradicional, não?
Padrão vertical de rosas separadas por barras.
Usei uma chita assim ainda agora, com as cores são mais vivas, mas dentro da mesma paleta.
Estas arranjei-as em fim de stock numa loja, já retalhos.
Olhando para a coberta, e tendo em conta a idade, talvez tivesse outras cores também. Envelheceu bem.
-
Olá Alice,
As chitas do século XIX são quase todas assim com barras largas, mas estas de fundo vermelho ou me engano muito ou são dos finais do século, pelo que tenho conseguido perceber. Nessa altura aparecem muitos tecidos com este mesmo vermelho, que é muito bonito. Olha este:
http://www.flickr.com/photos/hippyxic/2444083348
As que ainda vão aparecendo nas lojas, mas muito raramente, são as chitas baratas já do século XX, que eu adoro. Há imensos padrões diferentes, a maioria deles com rosas pelo meio – http://www.flickr.com/photos/rosapomar/94942344/ – e são tão finos que depois de lavados parecem uma gaze.
Ou então as mais recentes, já impressas em cretone e não em chita, como (julgo eu) esta que mostras aqui:
http://www.flickr.com/photos/noussnouss/3788617488
Ainda mais chitas:
-
ADOREI A CHITA, MAS SOU LOUCA MESMO É POR UM XALE DAQUELES DA PRIMEIRA FOTO
BOM FINAL DE SEMANA
-
Olá Karol,
As senhoras de Nisa vendem estes xailes, é uma questão de contactar o Museu: http://www.museubordadoebarro.pt
-
As senhoras estao com xales lindos e saias maravilhosas.
-
The things you teach us:)
-
Muito bom encontrar coisas tão bonitas de Portugal.
Bom trabalho na divulgação.
Leave a Reply