Nunca me imaginei a desenhar sapatos mas há uns meses dei por mim a rabiscar um par de botas que entretanto ganharam vida.
No início de 2015 (o respectivo post ficou eternamente por escrever) passei a vender botas alentejanas na Retrosaria. O assunto das botas, como o do mosaico hidráulico, já tinha atingido na loja o estatuto de piada porque não havia semana em que não recebêssemos telefonemas a perguntar se os vendíamos (botas e mosaico). Continuo até hoje a encaminhar quem anda à procura de mosaico hidráulico para esta FAQ mas decidi que estava na altura de ir descobrir quem fazia as minhas botas preferidas e, porque não, de as ter à venda.
Além do meu modelo preferido, os borzeguins, que calço dia sim, dia sim na metade do ano em que não ando de sandálias, redescobri nessa pesquisa estas botas da Primeira Guerra que tinha fotografado numa exposição na Cordoaria Nacional uns anos antes. Trouxe-os comigo, a Retrosaria passou a ser também um bocadinho uma sapataria e as nossas botas, que são alentejanas como as mantas de Minde são alentejanas (porque na verdade, como quase todas as botas alentejanas, são feitas na zona Oeste), começaram a voar para muitos destinos.
No ano passado cruzei-me com um modelo antigo de bota, hoje quase desaparecido, que não conhecia e que me cativou: a bota de pestana. Encontrei um par no museu de Almodôvar, terra de sapateiros, e vi outro na FIA. Em Garvão encontrei a uso o par das fotografias aqui de baixo que, graças à insistência do R., acabou por nos vir parar à s mãos. Foi com base nele e no que mais me agradou nos outros que acabei a desenhar umas botas de pestana para a Retrosaria.
Leave a Reply