lanofabril gitlã

Covilhã, 1970. A empresa Lanofabril publica Livro de Tricot, um mix revista-catálogo que não sei se foi filho único mas merece sem dúvida um lugar na história do tricot em Portugal (lamento só me ter cruzado agora com ele, porque gostava de o ter mencionado no Malhas Portuguesas). Numa época em que as fibras sintéticas começavam a impor-se no mercado dos fios para tricot, apresentadas como luminosas e infeltráveis, esta empresa – onde trabalhavam mais de 400 pessoas – tinha montado um elaborado sistema de venda por correspondência com base neste objecto que era, ao mesmo tempo, mostruário de fios, catálogo para encomendas e livro de tricot.

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Da descrição dos produtos aos cenários das fotografias, passando pelos nomes dos fios, todos os pormenores deste Livro são curiosos e fazem dele um interessante objecto de estudo. Foi sem dúvida objecto de um grande investimento a vários níveis, e adoraria saber se foi copiado de um modelo estrangeiro e quantos anos terá durado depois do enorme sucesso relatado para o primeiro ano de existência em que a empresa terá vendido 14 toneladas de novelos(!). Alguma mãe ou avó se lembrará destes fios?

lanofabril gitlã

As agulhas são de cor cinza estudada para não fatigar a vista e estão disponíveis em tamanhos INCRàVEIS (15 e 20mm) com os quais as clientes poderão fazer REPENTINAMENTE as suas obras.
As fotografias parecem ter sido tiradas na própria fábrica e arredores e os modelos são muito provavelmente familiares e funcionários. Os nomes das cores dos fios são um dos meus pormenores preferidos: há paletas com nomes de pássaros, outras com diminutivos, outras com virtudes.

lanofabril gitlã
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As explicações dos muitos modelos, sendo muito mais sintéticas do que está actualmente em voga, não parecem impossíveis de seguir.

lanofabril gitlã
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A Lanofabril terá fechado portas entre 1989 e 1993.
Se houvesse em Portugal alguma coisa semelhante à  Knitting Reference Library este Livro de Tricô estaria certamente lá.

Comments

4 responses to “lanofabril”

  1. Tânia Avatar
    Tânia

    Rosa,
    O tesourinho fica para uma segunda edição do Livro das Malhas Portuguesas :) A Lanofabril e a Covilhã merecem.

  2. manuela pires Avatar
    manuela pires

    Bom dia. Esse não é filho único. Eu tenho 33 anos, faço peças em tricot para vender e a avó do meu marido ofereceu-me um livro desses cuja data é 1969/70.

  3. Joana Nina Avatar

    Olá Rosa, essa criança da capa sou eu! Nem sei como descobriu esse “tesourinho”! A fábrica era do meu avô (do meu pai e do meu tio), cresci a ver essa fábrica cheia de máquinas a trabalhar.
    Tem razão quando diz que nas fotografias eram os familiares e os empregados, porque eram mesmo! Nós entramos todos: eu, os meus irmãos e primos. Alguns nomes de fios são os nossos ou os diminutivos pelos quais nos chamavam. A ideia de um catálogo de venda foi muito inovadora na época. Há um outro catálogo que também tenho, são dois e julgo que só teve acesso a um. Se quiser ver o outro é só dizer. Obrigada pela recordação!
    Joana Nina

    1. Rosa Pomar Avatar

      Joana, adorei saber mais um pouco da história deste objecto, obrigada pelo seu comentário. O catálogo que consultei não me pertence e adoraria ver o outro de que fala :)

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