Quando, há uns anos, comecei a fazer alguma pesquisa sobre a história dos tecidos africanos, fui apanhando aqui e ali referências aos significados dos vários padrões. Este é talvez um dos aspectos mais interessantes do tema, que é vasto: nos vários países em que circulam com mais abundância os wax prints, os padrões impressos nos tecidos não são apenas decoração. A cada padrão corresponde um nome, um provérbio ou uma ideia, e ao vestir um determinado pano está a enviar-se uma mensagem silenciosa a todos os que o vêem e, na maioria das vezes, a alguém em especial. Muitos dos padrões que circulam (cada vez mais, devido à entrada dos chineses neste mercado) têm apenas nomes locais ou não chegam a recebê-los, mas outros são verdadeiros clássicos, atravessam décadas e nunca saem de moda. Com umas horas de pesquisa, consegui encontrá-los a uso, hoje em dia, em vários países. Falam das relações entre marido e mulher, entre a mulher e as outras mulheres, entre cada um e a comunidade. Deixo aqui imagens de alguns dos que já aprendi a traduzir.
O da imagem de cima chama-se Fleurs de mariage e é, como o nome indica, alusivo ao casamento.
ABCD: Attending school does not mean that one would be wise (Gana). A Marta Mourão usou recentemente uma variação deste padrão numa das suas saias. Imagens: Christian Women in Lome (postal antigo do Togo) e obudu woman’s coop (Nigéria).
Mari capable (outro exemplo, do Senegal): Este padrão, também designado por My lips are sealed, fala de felicidade conjugal (a mulher não tem nada de mal a dizer sobre o marido, daí a boca fechada). Imagem: My new friend.
L’union de la famille, sinal de harmonia familiar: Outro com uma mensagem positiva (tenho-o usado nos slings). Outra versão e mais outra versão. Imagem: several women with kids at their feet (Nigéria).
Speedbird: o mensageiro (outra versão). Imagem: Parade women (Gana).
Tortoise back: A carapaça do cágado. Alude a um provérbio que diz que a mosca por muito que tente não consegue picar o cágado através da sua carapaça. Imagem: Men talk, women work (Senegal).
Há muitos outros. A melhor leitura que fiz sobre o assunto foi o artigo Wearing Proverbs: Anyi Names for Printed Factory Cloth, de Susan Domowitz, que recomendo vivamente.
Outros links:
BurkinaMom in France e Akan cloths: factory-made wax and non-wax prints.
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