Comprei o livro Russian Textiles: Printed Cloth for the Bazaars of Central Asia este Verão, depois de o namorar nos inúmeros blogs em que tem sido citado (mais imagens). Como muitas outras pessoas não resisti à s imagens dos magníficos tecidos mas as minhas expectativas foram largamente superadas pelo resto do conteúdo. O livro é essencialmente um mostruário de extraordinários tecidos estampados produzidos na Rússia entre os meados do século XIX e os meados do século XX, com destino (segundo os autores) aos mercados da àsia Central (Cazaquistão, Uzbequistão, Tajikistão, etc.), onde eram usados no vestuário tanto feminino como masculino. Ao folheá-lo, a primeira coisa que me surpreendeu foram as fotografias a cores, que parecem retiradas de uma revista de viagens ou produção de moda actual e são afinal do início do século passado. O seu autor, um dos pioneiros da cromatografia, foi Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorskii e pertencem actualmente à colecção da Library of Congress (vale a pena explorar o site e vê-las uma a uma).
Um mundo povoado de homens vestidos dos pés à cabeça de flores enormes e garridas é por si uma ideia deliciosa, mas há mais. São também particularmente bonitas as peças de roupa e de decoração realizadas com retalhos de tecidos, estampados e em ikat.
Sergei Mikhailovich Prokudin-Gorskii, [Four people seated on a carpet, in front of a backdrop of textiles]. [between 1905 and 1915]. Library of Congress (não reproduzida no livro).
Irresistível é também a comparação entre estes tecidos, sobretudo os mais recentes, e as nossas chitas populares de cores berrantes. Com as portuguesas, mas ainda mais com as brasileiras (a chitinha e o chitão).
Umas horas de pesquisa levaram-me a perceber que, apesar de residual, a produção destes têxteis sobrevive ainda hoje nalgumas fábricas russas. Prova disso é o trabalho Factory da fotógrafa Lucia Ganieva, que recentemente retratou várias operárias russas da cidade de Ivanovo, antigo centro da indústria têxtil, juntamente com os tecidos que aí ainda se produzem (e que dão vontade de apanhar um avião já amanhã).
Lucia Ganieva, Factory (pormenor).
E a sul, nos antigos destinos destes tecidos, os bazares parecem continuar apetecivelmente recheados de flores.
Kurgan-Teppe bazar (Tajikistão), 2006 (por Ziggy Star****)
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