Depois de ver a Ti Paula fiar a lã aberta e preparada apenas à mão fiquei a conhecer o burro e os pentes. O burro é uma peça em madeira à qual se podem prender cardas ou pentes, as duas ferramentas mais importantes no preparo da lã. Com as cardas obtêm-se porções (panadas ou pastas, consoante a região) de lã com as quais se produz um fio cardado (woolen) – as fibras de lã ficam orientadas perpendicularmente ao fio que se vai criar. Com os pentes prepara-se o penteado ou estambre (worsted): apenas as fibras mais longas são seleccionadas e consegue-se que fiquem muito paralelas umas à s outras, permitindo a criação de um fio mais fino e resistente, que nesta região era usado para tecer os cobertores (matéria para outro post).
Os pentes, idênticos aos que se usavam há oitocentos anos, são em madeira com duas fileiras de dentes de ferro que se protegem da ferrugem envolvendo-os num pedaço de lã por lavar (ainda saturada de lanolina).
A cada passagem pelo pente são retiradas as fibras mais longas, ficando as mais curtas de parte para serem depois aproveitadas para cardar.
O burro é estabilizado com uma pedra (uma enorme pedra que a Ti Paula foi buscar de propósito) e o cabo pente é encaixado num orifício, com os dentes para cima.
A lã é colocada no pente e puxada de forma regular, para fazer o estambre:
Finalmente, as porções de estambre são cuidadosamente postas nas costas do burro:
…e também houve burros dos outros nas nossas férias.
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