Benjamim Pereira

Antes de voltar aos posts sobre Trás-os-Montes e o que lá fizemos na semana que passou, uma inadiável referência à  privilegiada conversa que tivemos anteontem no Minho com Benjamim Pereira (já aqui por várias vezes referido), um dos grandes protagonistas da etnografia portuguesa do século XX e um apaixonado pelas tecnologias tradicionais que conheceu por dentro e soube por isso descrever como ninguém antes pudera.

Para ler: Entrevista a Benjamim Pereira: ”Uma aventura prodigiosa”.

Benjamim Pereira

lã em tempo real

Comments

5 responses to “Benjamim Pereira”

  1. Isabel Silva Avatar
    Isabel Silva

    A coleção de livros que resultaram da equipa formada com este senhor são uma delícia e alguns já difíceis de consultar, principalmente se estivermos fora de Lisboa… cheguei ao livro “O linho – tecnologia tradicional portuguesa” através duma bibliografia recomendada e não resisti a ler e a folhear quase toda a coleção que tinha na biblioteca, fizeram-me olhar para Portugal (e para a minha vida!) de outra maneira…Uma reedição seria esplêndida! Mas dúvido que teria muita procura ou que seria lucrativa!…

  2. catarina m. Avatar
    catarina m.

    um dos meus «heróis».

  3. mamidelux Avatar

    me encanta lo que haces… me gustaría tanto participar en esos encuentros de creadoras… de hecho has inspirado un grupo de lectura que tengo sobre craft…

  4. […] em que uma senhora carda a lã e a outra segura nas agulhas de tricot. Como diz tão bem o Benjamim Pereira, para saber explicar é preciso saber como se […]

  5. […] Benjamim Pereira classificou os fusos portugueses em três tipos: O tipo 1, com haste em madeira e volante (também chamado cossoiro, aquele disco em baixo que lhe dá equilíbrio e o ajuda a girar mais depressa), que ainda se vê no nordeste transmontano e, residualmente, nos Açores. O tipo 2 compreende os fusos em que a haste de madeira é o elemento principal ou único. Podem ser bastante rudes ou muitíssimo delicados, podem ser pouco mais do que um pau ou ser elegantemente bojudos em baixo para girarem melhor, podem ser mesmo só em madeira ou ter o topo da haste em metal para fiarem mais fino. O tipo 3 corresponde aos fusos do Baixo Alentejo e Algarve (como estes que estão na Retrosaria), que consta serem os mais directos descendentes dos fusos romanos. A haste é em metal e o volante ou é também em metal e forma uma peça única com a haste ou é um disco em cortiça. São muitíssimo mais pesados do que os outros dois tipos de fusos e usam-se (hoje em dia muito pouco) sobretudo para fiar o linho. Mas e se houvesse outro tipo de fuso em Portugal, um fuso diferente que chegue para justificar dizer que pertence a outro tipo? Um fuso cujo parente mais próximo vive no país basco, no outro extremo da Península? Em Monchique, no Algarve, o linho da Sra. Maria Nunes é torcido num objecto chamado fiandeira. O da fotografia foi feito pelo marido mas a partir de um igual vindo de gerações anteriores. Por todo o país há fusos usados só para torcer (torcer é juntar dois fios e dar-lhes uma torção extra no sentido oposto ao da fiação para que fiquem mais equilibrados e resistentes), a que se chama frequentemente parafuso ou parafusa. Ora a fiandeira de Monchique é idêntica ao txoatile ou txabalie do país Basco e diferente de todos os outros fusos portugueses: tem uma haste em madeira que forma no seu topo um gancho (aproveitando nos exemplos tradicionais a forma da própria madeira) e um volante em cortiça que serve de bobine para o fio já fiado ou torcido. Para mim foi a descoberta do ano. […]

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