Um dos posts mais recentes da Knitting Genealogist, um blog que sigo atentamente, lembrou-me alguns dos barretes que não chegaram a ter espaço no meu livro. Este post da Penelope vem a propósito de um artigo escrito para a revista Piecework acerca do célebre General Carleton Cap (um barrete recuperado dos destroços do navio General Carleton, que naufragou em finais do século XVIII ao largo da Polónia), onde se tenta provar que o dito foi feito no Yorkshire em parte com recurso a uma gravura que ilustra duas coisas que quase toda a gente sabe: primeiro, quem vive no mar ou à beira dele gosta de usar barretes e, segundo, barretes à s riscas são uma coisa mesmo bonita. Tão bonita que pelo menos desde o século XVII que eles por aí andam. Agora onde e quando é que foi tricotado o primeiro barrete de malha à s riscas é coisa que nunca se vai descobrir. E muito menos se o primeiro foi pai dos outros todos ou (como é mais natural) ele foi unventado várias vezes em vários sítios diferentes por várias pessoas diferentes. Algumas delas, de certeza, copiaram o que viram usar a um homem do mar vindo de outras paragens. E também houve pescadores e marinheiros que trouxeram para casa barretes que trocaram com outros marinheiros por outras coisas bonitas, e eles ou as suas mulheres fizeram mais barretes pelo que trouxeram, uns iguais e outros parecidos. Foi assim durante tanto tempo que no fim do século XX ainda havia pescadores na Póvoa de Varzim a trabalhar de barrete à s riscas feito à mão. E se calhar ainda há.
Imagens:
Jan Peeters e oficina, Paisagem com desembarque de holandeses em terras do Brasil, c. 1640 (pormenor).
Moço de Fretes – Lisboa – 1809-1819, Colecção Ruas de Lisboa. Reproduzido em Alberto de Sousa, O Trajo Popular em Portugal nos séculos XVIII e XIX, Lisboa, 1924 (pormenor).
Porto de Pesca – Lota (postal ilustrado), Póvoa de Varzim, Edição Binográfica (pormenor).
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