Quando a E. nasceu pensei durante quase seis meses que podia tornar-me dona de casa, mas agora atribuo tal desvario ao poder das hormonas do puerpério. Em vez disso dei comigo a trabalhar em casa, um dois em um com alguns contras (a que horas se sai do trabalho?) mas incomparavelmente mais prós, dos quais o principal foi sem dúvida o de adiar a ida para o infantário o tempo que achámos certo (dois anos e meio) para ela e para nós. Filha e neta de trabalhadoras licenciadas, levada ao colo para encontros de feministas no pós-25 de Abril, toda a conversa sobre a chamada new domesticity me cheira sempre um bocadinho a esturro (ou a Brise), apesar de ser inegável que faço mais ou menos directamente parte da coisa. Às vezes apetece-me deixar claro que não tenho a mínima sensibilidade para a decoração nem especial jeito para os bolos, que por aqui as prateleiras têm mais ensaio que ficção e bibelots nenhuns e que quase todas as tarefas domésticas não relacionadas com a maternidade me são mais do que penosas.
E o que eu vinha aqui escrever era só que estou a aproveitar os últimos dias para deixar satisfeitas as várias lojas que me fizeram encomendas, que no Brasil vou ter bonecos à venda muito em breve através do Folha Estúdio, que a Work&Shop já inaugurou oficialmente (com direito a reportagem na televisão e tudo) e que em Vila do Conde há postais meus na DesignComTexto.
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