N.º 755 – Malhas que prendem – Santo Tirso. Postal Foto Alvão (sem data).
Ganchos de meia em madeira. Séc. XIX-XX. Museu Nacional de Arqueologia, n.ºs inv. 745, 756 e 759. Imagem da MatrizPix.
Algumas imagens, a propósito do método português de fazer malha e do chamado gancho de fazer meia. O primeiro não é um exclusivo português (nem o único cá praticado) mas ao que parece é conhecido em poucos países, creio que quase todos localizados em redor do Mediterrâneo (conheço imagens de Portugal, da Grécia, Turquia e Bulgária e sei que é praticado no norte de àfrica) e na América latina, aparentemente por exportação ibérica. Este método é uma de várias formas possíveis de tricotar (quem se lembra do canhão de fazer meia) e consiste em ter o fio que se está a trabalhar colocado primeiro por detrás do pescoço ou num gancho preso ao peito e depois em redor do dedo médio da mão direita. O fio fica sempre entre o corpo e o trabalho, sendo a cada malha accionado com o polegar esquerdo. O gancho que usa quem não passa o fio pelo pescoço pode ser um simples alfinete de ama ou uma peça muito trabalhada e aparece descrito na pouca bibliografia disponível como gancho de fazer meia.
Mulheres a tricotar com o fio por detrás do pescoço: Peru e Portugal.
Mulheres a tricotar com o fio preso no peito: Grécia, Bulgária e Portugal.
Quando comecei a pesquisar estes temas não percebia como se usavam os ganchos de fazer meia que encontrei nos inventários dos museus, por serem tão diferentes dos que se podem comprar actualmente. Foi preciso ver um a uso, em Nisa, há uns meses atrás, para constatar que os antigos ganchos dos museus estão quase sempre incompletos. Na verdade, para serem usadas, estas peças precisam de ser atadas com uma fita (no exemplo que vi era uma correntinha de crochet) a um alfinete ou gancho metálico, sendo este último o que é preso ao peito. O gancho pode soltar-se da roupa mas não da peça em execução, pois o fio passa por dentro dele no início do trabalho e só o liberta ao ser cortado (era esta parte que eu não tinha percebido antes). A linda cadeirinha da senhora de Nisa era um verdadeiro amuleto e tinha-lhe sido dada várias décadas antes.
Gancho de fazer meia em madeira. Nisa, 2009.
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