Autor, título e data desconhecidos. Papel montado em suporte de madeira. Col. Museu de Arte Popular. MatrizPix.
As mantas de Mértola, actualmente feitas apenas pelas mulheres da Cooperativa Oficina de Tecelagem e muito menos conhecidas do que as de Monsaraz, são um verdadeiro artigo de luxo. Quem as vê não adivinha o que representam em termos de preservação de saberes quase extintos e a única monografia dedicada ao tema que conheço (Mantas tradicionais do Baixo Alentejo, de à‚ngela Luzia, Isabel Magalhães e Cláudio Torres. Mértola, 1984) tem um quarto de século. Estas mantas nascem nos dois teares domésticos que a cooperativa mantém a funcionar e são feitas hoje como há décadas ou séculos. A sua lã é diferente de todas as outras lãs portuguesas e macia como mais nenhuma. Vem das ovelhas merino e campaniça, autóctones da região, e é tratada de forma totalmente manual até chegar ao tear, sendo ainda hoje fervida em pequenos cestos na margem do rio, aberta, cardada e azeitada à mão e fiada em pequenas rodas artesanais. As cores das mantas são as da própria lã: branca, preta e sernubega (o castanho café com leite da ovelha campaniça). Como cada uma representa um sem fim de horas de trabalho são necessariamente objectos caros, mas comprar uma é contribuir para a sobrevivência de todo um universo. A minha está a uso há dezasseis anos e continua tão bonita como quando foi comprada.
As mantas da Cooperativa Oficina de Tecelagem só se vendem em Mértola, mas acho que é possível encomendar pelo telefone: 286 612 036.
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