Perto de Penafiel, fui aprender a fiar na roca, que é diferente de fiar com a lã pousada ou arrumada num cestinho. Ainda estou longe de ter coberto toda a bibliografia etnográfica sobre fiação manual, mas quase que aposto que nenhuma saiu da pena de alguém que dominasse o processo sem ser na teoria. Assim, ainda nem sequer consegui encontrar a tradução para worsted e woolen, as duas formas fundamentais de criar o fio a partir das fibras de lã (sugestões?). A D. Laudecena de Peroselo ensinou-me a abrir a lã com as mãos (o que torna possível fiá-la sem ter sido cardada) e a pô-la na roca, e depois a usar os dedos da mão esquerda para ir puxando as fibras da maneira certa (criando um fio woolen). Também conheci a D. Ana, tecedeira da localidade, cujo tear não cheguei a ver mas que vai ter as suas mantas na Agrival, uma feira que se realiza há trinta anos. Tanto quanto percebi é em boa medida a dita feira que mantém activos os artesãos da região, estimulando a produção, organizando os transportes e permitindo o encontro entre quem faz e quem compra.
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d. laudecena
Comments
11 responses to “d. laudecena”
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Rosa aprenda bem que ue quero aprender.
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Que interessante a tua visita ao Norte. Vivi infância e juventude perto de Penafiel e também estudei lá. A Agrival é uma feira antiga, era visita obrigatória no meu periodo de férias escolares.
Gostei do Museu de Panafiel, irei visitar numa próxima ida à terra. As minhas filhas já foram com a Avó e gostaram.
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Vieste a Penafiel? :) Pena não ter sabido, que gostava muito de te ter conhecido…
Beijinho!
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You never cease to amaze me – what you do is so interesting, and very valuable from a folk tradition and ethnographic point of view.
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Gostava imenso de aprender a fiar. Muito interessante.
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Fantástico!
Obrigada Rosa, por estares a reunir informação, partilhar e a dinamizar estas tradições em vias de extinção do nosso país!
O teu trabalho não tem preço!bjs e boa continuação!
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Olá, Rosa.
Fiz o curso de fiação e tecelagem há dois anos. Aprende-se a fiar em máquinas a pedal, que chamamos “Roca”. O fio deve ser lavado, seco e cardado a mão (tenho um par de cardas, por sinal). Aprende-se também tingimento com produtos naturais (casca de cebola, ervas, madeira, etc)
Se quiser dar uma olhada, o site é http://www.sitioduascachoeiras.com.br
Ana Lacunza -
oi, que bom poder acompanhar essas suas descobertas….fico muito feliz em poder saber um pouco mais sobre isso tudo.
flávia
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[…] ouvido falar, em tudo idêntica à s que na Baixa Idade Média se difundiram pela Europa. Vi fiar em Peroselo e Vila Franca da Beira, e já mais ou menos me ajeito com um fuso, mas que me lembre nunca tinha […]
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[…] (Do Verão passado: fiar em Peroselo com a D. Laudecena.) […]
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[…] ou ser elegantemente bojudos em baixo para girarem melhor, podem ser mesmo só em madeira ou ter o topo da haste em metal para fiarem mais fino. O tipo 3 corresponde aos fusos do Baixo Alentejo e Algarve (como estes que […]
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